domingo, agosto 31, 2008

Broadford - Elgol - Broadford

Elgol é um pequeno lugar costeiro, mas com grandes referências em qualquer prospecto turístico de Skye. É o ponto de partida para um dos mais famosos trekkings da ilha, em redor do lago de Coruisk, que se situa no interior das Black Cuillin Mountains.
A partir de Elgol pode-se ir a pé ou então apanhar um barco que nos leva ao interior do lago e dai, dar inicio ao trekking em seu redor. É um local fantástico, de uma calma singular, onde se pode observar em determinadas alturas do ano, espécies como leões-marinhos, baleias, varias aves marinhas e de rapina.

Esta manhã, sai da pousada de Broadford com destino a Elgol. A estrada estreita, percorre o vale da cordilheira montanhosa num serpentear constante, mas com uma envolvente natural de grande beleza. Ao descer para Torrin deparei-me com a bonita imagem do lago de Slapin, enquadrado pelas cores do arco-íris.

Já em Elgol, fiquei um pouco decepcionado pois não pude embarcar para o lago. O barco não podia transportar a bicicleta e em terra, ninguém se responsabilizava em guardá-la em segurança. Fiquei na esplanada do Cuillinview, e segui a esteira do barco em afastamento até se perder no horizonte… um dia terei que cá voltar!

Não posso deixar de destacar a simpatia dos donos do bar Cuillinview, que me prepararam uns scones caseiros de frutos silvestres e um chocolate quente, enquanto digeria a minha frustração.

No caminho de regresso a Broadford, fiz um desvio ao percurso original e percorri uns single tracks junto à costa. O percurso tinha muita pedra e estava extremamente escorregadio, ainda assim deu para divertir um pouco.

Como cheguei cedo, foi desta que consegui ir aceder à internet e colocar as primeiras fotos desta aventura.

Esta é a minha última noite em Broadford, manhã será a etapa de regresso a Mallaig, onde irei apanhar o comboio para Glasgow.

Ficha da Etapa:

Etapa: Broadford – Elgol - Broadford 69,3 km
Tempo Deslocação: 03h55
Velocidade Max.: 50,1 km/h
Avarias: NIL
Locais de Abastecimento: Broadford, Torrin, Elgol














Uig – Broadford

Como hoje tinha uma etapa sem grandes dificuldades, resolvi dormir até mais tarde. As regras das pousadas escocesas são claras. Às 10h30 toda a gente tem que deixar as instalações.

Sai pelas 09h30 e já estava a chover. Nada que não se suportasse…
A primeira parte da etapa até Portree foi monótona e sem grande interesse.
Basicamente pedalar km’s e com bastante atenção, pois circulava por uma das principais estradas da ilha e bastante movimentada.
A norte de Skye não existem alternativas para fugir às estradas principais.

Já em Portree, abasteci-me mais uma vez na padaria Mackenzie’s Bakery, pois fiquei deliciado com as panquecas e com os scones.

O tempo começou a melhorar e o sol impôs-se por detrás das montanhas.

Retomei a pedalada e após Sligachan, derivei para uma estrada cénica paralela ao mar, que passava por Moll e que permite uma vista fenomenal sobre a ilha de Raasay e sobre o lago Ainort.

São apenas 3 milhas, é um facto, mas os pontos de interesse são tantos que me detive a fotografar e demorei mais de uma hora para a percorrer.

Uma das imagens do lago que me despertou curiosidade, foi a da azáfama nos viveiros de peixe. Nestas águas pouco profundas mas bastante frias o salmão domina o negócio.

Retomo a estrada principal e rapidamente atinjo Broadford, destino final desta etapa. Farei base aqui duas noites, para poder conhecer melhor toda a parte sul da ilha.

Com facilidade descobri a localização da pousada e instalei-me.

Num breve passeio pela cidade, fiz umas compras e fiquei surpreendido por constatar que muitos dos produtos em venda são produzidos na ilha, nomeadamente lacticínios, ovos, carne e peixe fumado.

Ah, consegui finalmente descobrir um local de acesso à internet, com banda larga, mas extremamente caro, 1.25 libras por 15 minutos. Tinha encontrado outro, mas era apenas um ponto de acesso com um terminal ligado com modem de 54Kb/s.

Parece irreal, mas dada a sua orografia, parte da ilha não tem sequer cobertura de telemóvel.

Ficha da Etapa:

Etapa: Uig – Portree – Broadford – 69,3 km
Tempo Deslocação: 03h55
Velocidade Max.: 50,1 km/h
Avarias: NIL
Locais de Abastecimento: Uig, Portree, Broadford












Glen Brittle – Portree – Staffin – Uig

Levantei-me bastante cedo, pois tinha a noção que a etapa de hoje seria a mais longa e a mais dura. Aquela hora da manhã já estava muita gente a tomar o pequeno-almoço. O pessoal da montanha ainda é mais madrugador que eu. Partem para as ascensões bem cedo, pois têm a indicação que esta tarde o vento vai aumentar de intensidade e a chuva também fará a sua aparição.
Após acondicionar as minhas coisas na bike, inicio a etapa, cheio de ânimo e a bom ritmo. Os primeiros 14 km são a subir, mas sinto-me bem e avanço a bom ritmo.
Glen Brittle fica situado na parte sudoeste da ilha e eu vou para norte da ilha, para Uig, com paragem em Portree, cidade “capital” da ilha.

À medida que avanço para Norte a paisagem muda ligeiramente. As altas montanhas de rocha dão lugar a grandes manchas de floresta de cedros e pinheiros.

Planeei as etapas para pedalar maioritariamente por estradas secundárias, e para chegar a Portree segui pela B885 que cruza o vale do rio Snizort. Embora seja uma zona mais no interior da ilha, exibe uma beleza natural apreciável.

Já em Portree, efectuei um pequeno abastecimento e visitei o porto de pesca, com um colorido visível à distância, pelas suas pitorescas casas.

São 11h15, mas a chuva que estava prevista mais para o final da tarde, já começou a cair.
Penso para comigo: …”Ui isto vai ser duro…”! Faltam-me cerca de 40 km, 15 dos quais de montanha.

Esperei que abrandasse no posto de turismo, mas rapidamente de decidi em fazer-me à estrada. Optei por percorrer a estrada mais a Este da ilha, que passa por Staffin. Esta parte da ilha também é bastante montanhosa, com a costa a ter recortes de rochas abruptas para o mar.

Parei em Staffin num supermercado, daqueles pequenos mas que vendem de tudo e pedi um chocolate quente. Estava gelado e não parava de chover…

Um casal de suíços que também iam para Uig, perguntaram-me a melhor opção para lá chegar.
Existem duas possibilidades, ou pela montanha que são 15 km e mais de metade a subir, mas com vistas soberbas, ou dando a volta pela ponta norte da ilha que são 36 km.

Ficaram apreensivos… pareceu-me que não tinham grande experiência, a avaliar também pelo material que possuíam. Disse-lhes que ia pela montanha e que podíamos ir juntos. Eles concordaram!

A subida era longa e começamos lentamente para não termos “surpresas” a meio. Fomos conversando e conhecendo-nos. Tony é suíço, Olinda equatoriana, mas vive na Suíça à uns anos. Esta era a sua primeira viagem em bicicleta.

Com um ritmo lento, fomos assumindo as passagens mais difíceis, ajudando-nos mutuamente.
Eu, possivelmente mais preparado fisicamente vim para a frente, trazendo-os na minha roda. Pelo meio fizemos paragens para umas fotos e para hidratar.
Uma vez atingido o planalto, paramos para contemplar… ao longe o mar, de um lado a cordilheira de montanhas (The Table, The Needle, The Prision), do outro, os lagos Cleat e Leum… simplesmente fantástico!

Fizemos umas fotos para assinalar o momento e resolvi descer para Uig, pois estava muito vento e não queria arrefecer.

Despedimo-nos e desci rapidamente para Uig.

Parei para visitar esta pequena vila, pois tinha que fazer tempo, até à abertura da pousada às 17h00. Estava prestes a sair um ferry para Lewis (Tarbert), outra ilha mais a norte da Escócia. As travessias em ferry para as ilhas são asseguradas pela Caledonian MacBrayne http://www.calmac.co.uk/ .

Como já tinha a reserva feita pela internet em www.syha.org.uk, não perdi muito tempo no check in. Se não tivesse reserva, esta noite não poderia pernoitar aqui, pois a pousada está lotada.

Fiz o jantar e dediquei o serão a escrever as crónicas em atraso para assim que possível as postar no blog.

Ficha da Etapa:

Etapa: Glen Brittle – Portree – Staffin – Uig – 88 km
Tempo deslocamento: 5h36
Velocidade Max.: 56,8 Km/h
Avarias: NIL
Abastecimentos: Portree, Staffin, Uig



Glen Brittle–Talisker–Fiskavaig–Carbost–Glen Brittle

Tal como o previsto, fiz base na pousada de Glen Brittle, para poder percorrer esta parte da ilha, que maioritariamente são trilhos fora de estrada.

O dia acordou chuvoso, mas as previsões faziam crer que a meio da manhã tudo se alteraria para melhor.
Após o pequeno-almoço, preparei a bike, efectuei a afinação no desviador traseiro e lubrificação da transmissão e parti.
Para hoje tinha preparado uma jornada de BTT, pelos épicos trilhos das Cuillin Hills e foi com agrado que reparei que para poder aceder às montanhas teria que atravessar a Glen Brittle Forest.

Demorei algum tempo a subir, pois a paisagem que se observa é de tal modo magnífica que não hesitava em parar para fazer umas fotos. É impressionante…sinto-me pequeno diante de tamanha imensidão de verde.

Duro a subir e perigoso a descer. Todos os cuidados são poucos, pois brota água de todos os lados e o trilho está completamente inundado.

A vista para o Loch Eynort, deteve-me alguns minutos, apenas para o contemplar.

Durante os primeiros 30 km do percurso não vi ninguém. Subi ao colo da Beimn Bhuidhe e desci rápido para a baia de Talisker.

Este pequeno lugar é idêntico a Glen Brittle com 4 casas apenas. São casas de pescadores e só são usadas nas épocas da pesca.
O vento que soprava “rijo” de Sudoeste e durante a descida quase congelei. Já em Talisker tive que me abrigar pois caiu uma chuvada de granizo. Ainda assim tive sorte, porque durou pouco tempo.

Foi completamente impossível pedalar no single track de ligação a Fiskavaig. O trilho era a subir e estava completamente inundado ao estilo diluviano.

Durante cerca de 4 km, não tive outro remédio senão carregar a bicicleta às costa até ficar a "salvo" em Ard an T-Sabhail. Já em asfalto, desci para a baia de Fiskavaig onde almocei junto à praia.

No alto de Fernilea parei para fazer umas fotos e um casal de portugueses saudou-me. Estavam a percorrer a ilha de carro. Como tenho sempre a bandeira nacional na bicicleta é fácil identificarem-me.

Carbost é local de paragem obrigatória para se visitar a destilaria Taliskay. Aqui é produzido um dos melhores whiskies da Escócia. Por 5 libras, faz-se a visita guiada que dura 45 minutos e que termina com a tradicional prova do produto.

Em Skye, o tempo muda a todo o instante. Esteve uma tarde de sol típica de verão escocês e no percurso de regresso à pousada detive-me em praticamente todos os locais que proporcionavam boas fotografias.

Cheguei muito antes do horário de abertura da pousada e resolvi aproveitar o tempo indo até à praia desfrutar da paisagem.

Esta tarde chegou mais gente, 4 eslovenas e um polaco o que torna o local ainda mais internacional.

Confeccionei o jantar juntamente com os espanhóis. Após a refeição, seguiu-se o chá e a conversa sobre aventuras na montanha e claro em bicicleta.

Ficha da Etapa:

Etapa: Glen Brittle - Talisker – Fiskavaig – Carbost – Glen Brittle 47,6 Km
Tempo deslocação: 3h58
Velocidade Max.: 54,9 Km/h
Avarias: NIL
Locais de abastecimento: Carbost e parque campismo Glen Brittle